A má distribuição de renda, a pouca oportunidade de emprego e o descaso governamental, tem levado uma parcela de nossa população a buscar no extrativismo mineral, a sobrevivência.
Numa das regiões mais pobres dos Sertões da Paraíba, no município de Seridó, área de predo
minação das caatingas, os minerais brotam do solo, levando homens a sua coleta, aprofundando-se no subsolo, seguindo seus veios, criando grandes cavernas e abismos profundos, com centenas de metros de túneis.
A situação de miséria desses indivíduos, a honestidade e a vontade em honrar seus compromissos, perante os seus e a sociedade, transforma-os em bichos, capazes de se submeterem as condições mais degradantes de trabalho, numa semi-escravidão, pois o que ganham arriscando a vida cada vez que descem a es
ses abismos, é ínfimo, menos de um salário mínimo por mês. Enquanto estão na mina, vivem em choupanas cobertas de palha ou lona. Dormem em redes ou em jiraus de madeira ao relento. Não dispõem de nenhum equipamento de segurança. A comida é pouca e rala. O frio é intenso à noite. O dia é quente. A água é salobra. O complemento alimentar vem de alguma caça abatida. Essas são as condições desses homens que constroem as cavidades naturais do Seridó da Paraíba, para engordar as contas bancárias dos atravessadores e das grandes empresas de beneficiamento de minérios que compram por uma ninharia o material retirado dos imensos abismos.
O que fica para a região, além da poluição, são indivíduos doentes, imobilizados, incapazes de desenvolverem outras atividades, onerando os já exauridos cofres públicos, que terá que manter um indivíduo invalido, com a saúde paupérrima, vitimado pela ausência dos governos nas três instâncias.
Dessa forma, esses garimpeiros vão tecendo uma nova fisionomia nos Sertões da Paraíba, criando o que a natureza não foi prodigiosa naqueles rincões: grandes cavidades naturais, abismos profundos marcados pelo horror das injustiças sociais.
*Coordenador do LABAP
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