quinta-feira, 13 de maio de 2010

Igaçaba em Cuité - Relato

Texto gentilmente cedido por Jonatas Rodrigues:

A Rua Floriano Peixoto na escavação do esgoto público na cidade de Cuité (nos anos 60) acharam uma IGAÇABA com ossos humanos. Trata-se dos restos mortais de um chefe indígena. Pena é que a ferramenta do trabalho às mãos de operários de pouca cultura reduziu tudo a fragmentos. A cerâmica de terracota, pelo espaço que ocupava demonstrava medir 70 cm de comprimento por 40 cm de largura e 30 cm de altura.Estrutura sólida, mas grosseira. Ao longo das bordas do vasilhame, corre forte debrum, característico do estilo indígena da terra. A parte interna do grande prato ornamenta-se com estrias lineares, com três cores e idênticas faixas paralelas, cuja tinta é produto nativo: coral, roxo-rei e cinza. Este dispositivo de estrias e faixas com três cores em cousas ligadas aos magnatas, “bem” parece uma demonstração dos três poderes: Legislativo, Judicial e Executivo, embora que em estado embrionário, a exprimir a base fundamental da sociedade: Pai, mãe e filho. Isto ainda de conformidade a economia política entre as hastes tupis-guaranis primitivas.

O achado do que se trata deve ter sido de um chefe supremo. Não era Pajé, pela ausência do PETIBAUA, ou cachimbo turibulo dos ritos indígenas com que iniciavam o culto ou recepcionavam os diplomatas. Não o Morubixaba ou o Prefeito da tribo por lhe faltar o machado de pedra em sílex, diorito ou material condizente, tipo cuneiforme, empregado na agricultura ou arte doméstica, sobremodo no serviço da casinha. Era sim Cacique, chefe do Estado Maior da Guerra. Afirma-se a presença do instrumento lítico, talhado na forma de esfera, na pedra forte, mas em miniatura, passando 200 gramas, que representa a enorme maça com que abatiam os inimigos. Os magnatas levam os túmulos como insígnias, os objetos de sua investidura. Costumavam inumar o cadáver diretamente no chão, e os magnatas, três anos ou três acajus depois exumavam-no e a ossada punham-na em Igaçabas ou mesmo em outro vasilhame de sentido mortuário com as insígnias, ou artefatos de uso do ofício.

(História e Toponímia, Pe. Luíz Santiago, 1972)

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